Os Ventos e o Quase-Eu
É triste saber que perdi o teatro, é triste saber que quilômetros me separam de algo que ainda não é meu. É triste não saber bem o que vou dizer e o que vou ouvir. Mas alegra-me a esperança renovada em cada breve palavra trocada...
Uma coisa é certa: Há ventos vindos do Sul que estao me lambendo a face e me paralizando a alma. Vazam por entre meus dedos, esfacelam-se diante de mim. Mas me inspiram, me sussurram algo, mesmo inaudível, mesmo distante...
O que é a vida?
Pergunta difícil para alguém que não vive, como eu.
Se essa pergunta fosse feita quando eu ainda era criança seria simples.
Eu já vivi, pois as crianças vivem.
Plenamente, vivem.
Quando ignoram, elas inventam
Quando dói, choram
Quando é bom, riem
Quando cansam, dormem
Eu não posso responder
Pois não sou mais criança
Há muito não sou criança
Há muito não vivo
Eu convivo
Convivo com a dor
Convivo com o prazer
Convivo com o alegria
Convivo com a tristeza
Convivo com tudo à margem, ao longe
Nada me preenche, nada me basta
Nada tem cabido dentro de mim
Cada dia mais oco
Cada dia mais longe
De algo definível
Não durmo, eu fecho os olhos
Eu não ando mais, eu vago
Eu não sou mais...
Esse é o não-eu
O triste fim do quase-eu.
Para a amiga (sobre)vivente Patrícia.
E acho que nem preciso dizer, não é...
Para (a amiga) Érika.
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A verdade dói, mas quem sabe eu ñ sou masoquista? Diz aí:
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