A última maçã
- Adeus.
Em seguida ouviu-se um ruído de corrida e Douglas, sem
olhar, soube que já não estava ninguém atrás dele.
Lá ao longe soou um apito de comboio.
Douglas deixou-se ficar assim durante um minuto à espera de
que desaparecesse o ruído da corrida; mas o ruído não desapareceu.
“Ainda vai a correr mas não parece afastar-se”, pensou
Douglas. “Por que será que não deixa de correr?”
Mas depois compreendeu que o som era o do seu coração a
bater.
Alto! Bateu com a mão no peito. Deixa de correr! Não gosto
de ouvir esse ruído!
E depois há aquele dia em que ouvimos a toda a volta, a toda
a nossa volta, as maçãs a cair uma a uma das árvores. A princípio é uma aqui e
outra acolá, mas depois são três, são quatro, são nove, são vinte, até que
tombam maçãs como tomba a chuva, a bater na relva macia e já mais escura como
cascos de cavalos, e nós somos a última maçã que ainda está na árvore; esperamos
que venha o vento libertar-nos lentamente do que nos faz pender do céu,
fazer-nos cair, cair... Muito antes que toquemos na relva já teremos esquecido
que houve uma árvore, que houve outras maçãs, que houve o Verão ou a relva
verde ali em baixo. Cairemos na escuridão...
Esses trechos avulsos talvez até descaracterizam o livro e todo seu conteúdo. Mas gostei muito deles. Até agora, estou na pagina 115, e de forma geral me parece uma ode à vida, sem pieguice, lições de moral ou quaisquer baboseiras sentimentais. É abrir os olhos e ver as coisas incríveis que nos rodeiam. Os detalhes, as simplicidades impressionantes que fazemos questão de não notar...
Nesse último fds me reuni com os batutinhas: Gabriel, Gustavo e Zé! Só risos, brain e shit storms! Cerveja e traíras!
Ao som de Dusty Springfield, Psychotic Eyes, Le Orme,
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A verdade dói, mas quem sabe eu ñ sou masoquista? Diz aí:
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