Escolhas não tem a ver com certezas! Lendo uma passagem de
Ribamar me veio essa idéia (ou essa certeza?! rs).
Lembro-me de ter um problema sério com certezas. Debatia-me
com escolhas, com as famigeradas e ininterruptas tomadas de decisões
diuturnamente. Ainda me assolam, mas agora de forma diferente, ou quem está diferente
sou eu. Talvez me esgueirado mais, fugindo de uma outra forma, aparentemente menos
dolorosa e angustiante. Pelo menos na maioria delas, atualmente.
Esse tema foi recorrente com Sumaya, a analista. Esse tema já
me revirou noites em vão. Ontem mesmo, parei pra pensar no que eu quero, em que
decisão tomar em relação a minha vida e na forma como eu vivo. Não me vinha
nada. Só fugas diferentes, pensamentos sobre pequenas coisas. Seriam essas pedaços
que formariam a grande decisão? E a certeza? Palavra que nunca existiu no meu dicionário
de bolso para uma vida errante.
Vamos ao estopim:
“Mais vale a impotência de uma incerteza que a fúria de um
dogma. Ao menos, ela não o ferirá.” Brentano por José Castello.
E eu pensei num primeiro momento: Esse sou eu. É exatamente
assim que vivo! Sem certeza de nada eu nunca erro, fico protegido da truculência
incongruente dos dogmas. Feliz por ser assim, esperto, olhando altaneiro e risonho
o rebanho que caminha certo de seu caminho re-pisado. Jamais ferido e humilhado
pela dissolução retumbante de um dogma.
Mas será que a incerteza não fere? Não ter certeza pode ser
sofrer calado e solitariamente. Numa dolorosa inquietação muda, a incerteza
corrói cada dia um pedaço de mim. Um sofrimento sem dor seria uma angústia sem
nome. Um corte que jamais cicatriza e que por isso não é ultrapassado. É viver
estanque, parado ou andando sem rumo, andando em círculos e sofrendo,
sofrendo... Tem dor pior que essa, a que te engana, a que te impede de se
conhecer, de errar?
Não sei, nao tenho certeza! (rs) Talvez eu queira a doce
alienação que te dá um sentido pra viver tranquilo, sem sobressaltos. Tenho
visto isso de muitos, pessoas que conviviam comigo, uns mais próximos, outros
menos. Eles acharam um caminho a seguir, não sei o nível de dogmatismo, mas certamente
abandonaram muitas incertezas. Tudo isso será pura inveja? Será que eu não cresci
e fiquei preso a um mundo torto de perguntas sem respostas? Ou eles que são as
crianças medrosas agarradas ao pai que os protegerá e guiará rumo a um mundo gostosinho,
sabor artificial imitação de baunilha? Não sei, ainda não tenho certeza...